Prof.: Márcio Michiles
O processo de ocupação territorial brasileiro iniciou de forma tardia. Durante o período pré-colonial os portugueses praticamente abandonaram o território conquistado. Após esse período foi adotado o sistema de capitanias hereditárias para garantir a posse da terra e iniciar sua efetiva exploração. A presença portuguesa ficou praticamente restrita ao litoral, como foi citado pelo jesuíta Antonil: “Os portugueses são como caranguejos, sempre cortando o litoral”.
A divisão em lotes de terra garantia ao rei o lucro da exploração de pau-brasil, o dízimo e o quinto; enquanto que os donatários tinham garantidos a maior parte dos lucros dos investimentos aplicados na colônia.
Uma série de fatores provocou o fracasso do sistema de capitanias no Brasil, entre eles:
- a falta de dinheiro dos donatários;
- a falta de terras adequadas ao cultivo da cana-de-açúcar;
- a falta de interesse dos donatários;
- os constantes ataques indígenas;
- a distância entre Brasil e Portugal.
O governador-geral era o representante do rei no Brasil e estava hierarquicamente acima dos donatários, enquanto que a administração das vilas permanecia controlada pelos “homens bons”. A reorganização da estrutura colonial permaneceu até o séc. XVIII quando o Marquês de Pombal pôs fim ao sistema de capitanias hereditárias.
O sistema de Capitanias Hereditárias funcionou durante os séculos XVI, XVII e XVIII. |
Entre 1580 e 1640 foi estabelecida a União Ibérica (unificação das coroas de Portugal e Espanha) que teve como consequência no Brasil o domínio espanhol. Nesse período nosso território foi ocupado por franceses e holandeses que aproveitaram a fragilidade de nossa defesa territorial.
Antes disto, em 1555, Os protestantes franceses (huguenotes) que fugiam das perseguições religiosas na Europa vieram para o Brasil e se instalaram na baía de Guanabara. Como a região era desocupada pelos portugueses, os franceses não tiveram dificuldade de se instalar e fundar uma colônia, a França Antártica. Ao descobrir a respeito da presença de franceses no Brasil, a coroa portuguesa substituiu o governador geral Duarte da Costa por Mem de Sá, um estrategista militar. Com o apoio de seu sobrinho (Estácio de Sá) e de algumas tribos indígenas da região, os portugueses expulsaram os franceses do Brasil.
Durante a União Ibérica, um grupo de franceses, financiados pelo estado, invadiu o a região do atual estado do Maranhão. Buscavam desenvolver o comércio de pau-brasil e aproximar-se das regiões espanholas ricas em metais preciosos. Fundaram a cidade de São Luís, mas foram expulsos pelas tropas coloniais que foram enviadas partindo de Pernambuco.
O rompimento do comércio açucareiro entre brasileiros e holandeses, estabelecido durante a União Ibérica, provocou a invasão patrocinada pela Companhia das Índias Ocidentais. Os holandeses invadiram Salvador em 1624, mas foram expulsos por tropas coloniais com o apoio da Jornada dos Vassalos, tropa espanhola enviada por Felipe II. A necessidade de restabelecer o comércio açucareiro com o Brasil fez com que os holandeses, em 1630, invadissem Pernambuco. O domínio holandês se estendeu até o Maranhão, formando o Brasil-Holandês.
O conde holandês, Maurício de Nassau, veio para o Brasil para administrar as terras holandesas e estabeleceu uma política de parceria com os colonos. Emprestou dinheiro para os senhores de engenho; concedeu liberdade religiosa para os brasileiros; promoveu obras de urbanização e trouxe vários artistas europeus para o Brasil provocando um desenvolvimento cultural.
As invasões holandesas no nordeste resultaram uma dominação de 24 anos da região. |
A pecuária se desenvolveu no sertão nordestino e nas campinas do sul. Os jesuítas penetraram no interior para catequizar os índios, e também, desenvolveram o comércio das drogas do sertão; Os bandeirantes penetraram no interior em busca de mão de obra e metais preciosos. Assim como ocorreu uma maior ocupação do interior de nosso território o Tratado de Tordesilhas ficou obsoleto.
Vários acordos foram assinados entre portugueses e espanhóis para definir uma nova configuração limítrofe entre seus territórios na América. No Tratado de Madri (1750), fundamentado no princípio “Uti Possidetis”, confirmado pelo Tratado de Santo Ildefonso (1777), determinaram a nova divisão que seria mantida até 1816.
Em 1816, D. João VI irá anexar a colônia do sacramento ao território brasileiro, passando a ser chamada de Província Cisplatina. |
Durante o período pré-colonial foi iniciada a exploração de pau-brasil. Não houve necessidade de fixação no território, pois foi estabelecido um sistema de exploração baseado na instalação de feitorias e na força de trabalho indígena através do escambo.
Com o início da colonização foi adotado o sistema plantation. A produção agroexportadora fundamentada na monocultura, no latifúndio e na escravidão. A escolha da cana-de-açúcar atendeu tanto as condições geográficas da colônia quanto aos interesses mercantilistas da metrópole. A aliança da coroa portuguesa com o capital flamengo permitiu o sucesso do investimento. Os holandeses eram responsáveis pelo investimento de capital, pelo transporte, refino e distribuição do açúcar. Como foi citado pelo historiador Caio Prado Jr.: “O negócio do açúcar era mais holandês que português”.
Trapiches: Pequenos engenhos movidos à força animal
Engenhos Reais: Grandes engenhos movidos pela força d’água.
Engenhos Reais: Grandes engenhos movidos pela força d’água.
A plantation açucareira moldou uma sociedade rural, patriarcal, escravista, católica e aristocrática. A escravidão era um grande negócio que favorecia aos comerciantes metropolitanos e aos senhores de engenho. As relações entre senhores e escravos variavam de senhor para senhor. Várias eram as formas de dominação. A mais conhecida era a violência física, mas havia negociação e troca de favores.
No final do séc. XVII os bandeirantes paulistas encontraram as primeiras jazidas de metais preciosos, e assim, durante o século XVIII a economia brasileira se fundamentou na exploração de ouro e diamante. A nova estrutura econômica forjou uma nova organização social. Mesmo fundamentada na escravidão, a mineração trouxe algumas transformações como:
- a valorização do trabalho livre,
- o desenvolvimento de um mercado interno,
- o surgimento de uma “classe média” e a...
- transferência da capital para o Rio de Janeiro.
O rigor estabelecido pela Carta Régia de 1802 para estabelecer o controle da região mineradora era burlado pela “malandragem” brasileira (coisa antiga pelo jeito) através do contrabando usando imagens de santos, os famosos, santos do pau oco.
Enquanto que o fundamento de nossa economia era satisfazer os ideais metropolitanos, desenvolveram-se, paralelamente, outras atividades econômicas que eram voltadas para abastecer o mercado interno como a pecuária, o comércio das "drogas do sertão" (ervas, resinas, condimentos e madeiras nobres) e o desenvolvimento de uma agricultura de subsistência.
Em 1703, Portugal assinou um acordo comercial com a Inglaterra, o Tratado de Methuen. Portugal garantia as exportações de vinho, mas deveria facilitar a importação dos tecidos britânicos. Assim, esse tratado ficou conhecido como tratado dos panos e dos vinhos.
A União Ibérica provocou um estrago na economia portuguesa. Portugal perdeu quase todas suas colônias e fontes de riqueza. D. João IV, rei de Portugal após o período de domínio espanhol, teria dito: “O Brasil é minha última vaca leiteira”. A solução para a crise portuguesa seria explorar de uma maneira mais eficiente sua colônia na América. No Brasil, a economia declinou após a expulsão dos holandeses do nordeste. Perdemos nosso principal investidor e ganhamos um concorrente no mercado internacional.
O contexto econômico e social dos séculos XVI e XVIII, denominado nova política colonial portuguesa, foi marcado pela crise econômica, fortalecimento do pacto colonial e aumento da insatisfação social. Foi nesse cenário que eclodiram as revoltas coloniais que são, tradicionalmente, divididas em dois grupos; os movimentos nativistas e os emancipacionistas.
As revoltas nativistas foram marcadas pelo caráter local de suas reivindicações. O quadro a seguir apresenta as principais informações relativas a esses movimentos.
Revolta de Beckman (1684) | Guerra dos Emboabas (1709) | Guerra dos Mascates (1710) | Revolta de Vila Rica (1720) | |
Motivos | Falta de mão de obra Monopólio da Cia. de Comércio do Maranhão | Disputa pelo domínio da região mineradora | Disputa entre os comerciantes de Recife e os senhores de engenho de Olinda | Contra a instalação das casas de fundição |
Solução | Liberação da escravidão dos índios selvagens | Criação da Capitania Geral das Minas Gerais | Elevação de Recife a categoria de vila | Repressão violenta aos rebeldes |
Classe dirigente | Elite | Popular | Elite | Popular |
Em 1750, assume o trono de Portugal o rei D. José I que tinha como homem forte Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. Pombal estabelece uma série de medidas, entre elas:
- A cobrança da derrama,
- a extinção do sistema de capitanias hereditárias,
- a criação das companhias privilegiadas de comércio e a
- expulsão dos jesuítas.
Inconfidência Mineira (1789) | Conjuração Baiana (1798) | |
Causas | - Cobrança da Derrama | - Transferência da capital para o Rio de Janeiro |
Influências | - Iluminismo - Independência dos EUA |
- Iluminismo - Revolução Francesa (Fase do Terror) - Independência do Haiti |
Propostas | - Proclamação da República - Liberdade Comercial - Criação de Universidades |
- Proclamação da República - Fim da escravidão e das desigualdades sociais. |
Grupo Dirigente | - Elite | - Popular |
Vídeos
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História - Aula 01 - Período Colonial Brasileiro
PODCAST LXVIII – BRASIL :: PARTE 1 :: A COLÔNIA
É hora de viajar pela história do novo mundo. A história do Brasil, primeira parte. Conheça a sua história.
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Resumo
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Invasões Holandesas - Parte 1
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