sexta-feira, 11 de abril de 2014

Ciências da Natureza - Biologia - Aula I

:: Prof.: João Paulo Gurgel

Introdução ao estudo da célula

A compreensão da biologia só pôde ser ampliada com o advento da descoberta da célula. Para nós hoje é muito fácil olhar para qualquer ser humano e saber que ele é composto por milhões de células. Entretanto durante milhares de anos esse simples conhecimento nos era oculto. Aproximadamente em 1590 Hans e Zacarias Jensen inventaram o microscópio. Era algo muito simples, formado por duas lentes montadas junto a um tubo e permitia ampliar pequenas imagens possibilitando a observação de objetos a olho nu. No entanto não há indícios que eles tenham usado seu invento para finalidades científicas.

Em 1665, o Inglês Robert Rooke, (que era físico) desenvolveu um microscópio aperfeiçoado e examinou algumas amostras de tecidos vegetais, no caso cortiça (súber) e pode observar pequenas “caixinhas” vazias as quais chamou de células. Seus estudos foram publicados na obra: “ Micrographia”.

A cortiça é um tecido morto, formado apenas pelas paredes das células vegetais, que são muito resistentes e não se desfazem, mesmo depois da morte das células. Ao analisar partes vivas de plantas, Hooke percebeu que suas células não são vazias como as da cortiça, mas preenchidas por um líquido de aparência viscosa.

As observações de Hooke foram confirmadas por outros microscopistas da época, dentre os quais se destacou o botânico inglês Nehemiah Grew (1641-1712), que fez importantes trabalhos sobre a estrutura microscópica das plantas, comprovando sua constituição celular. Outro citologista pioneiro foi o italiano Marcello Ma1pighi (1628-1694), que descreveu a presença de células em inúmeras plantas e em órgãos de animais.

Em 1838, o botânico alemão Matthias Schleiden (1804-1881) concluiu que a célula era a unidade básica de todas as plantas. Um ano mais tarde, zoó1ogo Theodor Schwann (1810-1882), também alemão, generalizou o conceito para os animais. Surgia assim a teoria celular de Schwann e Schleiden, que afirma: "Todos os seres vivos são formados por células".

Ao longo do século XIX, foram descobertas varias estruturas, chamadas organoides, responsáveis por diferentes funções no interior da célula. Aos poucos ganhou força a ideia de que a célula é a menor parte da estrutura de um organismo que mantém as propriedades da vida: e capaz de nutrir-se, crescer, multiplicar-se, etc. Ela corresponde, portanto, a unidade morfológica e fisiológica dos seres vivos. O conceito segundo o qual a célula é a unidade básica da vida ganhou uma amplitude ainda maior quando o medico alemão Rudolf Virchow, em 1858, afirmou que "toda célula vem sempre de outra célula". A célula passava assim a ser também a responsável pela hereditariedade e pela evolução garantindo a continuidade da vida desde o primeiro ser vivo até os atuais habitantes de nosso planeta.

A teoria celular moderna

A partir das descobertas realizadas no passado, foi elaborada a moderna teoria celular, válida para todos os seres vivos. Os princípios fundamentais dessa teoria são os seguintes:
  • Todos os seres vivos são formados por células; alguns têm o corpo formado por uma única célula. Portanto, a célula e a unidade morfológica dos seres vivos.
  • A célula e a menor unidade viva. As propriedades vitais de um organismo dependem das propriedades de suas células, onde ocorrem as reações do metabolismo. Portanto, a célula e a unidade fisiológica dos seres vivos.
  • As células surgem sempre de outras células. Cada uma delas contém as informações hereditárias de todo o organismo.
Importante: O pesquisador que primeiro registrou cuidadosamente suas observações microscópicas foi o holandês Antonie Van Leeuwenhoek (1633-1723). Seu microscópio de fabricação própria tinha apenas uma lente e com ele observou e relatou várias formas microscópicas de vida, sendo considerado por isso o pai da microbiologia. Vale ressaltar que suas pesquisas mudaram o rumo do estudo da origem da vida.

Os microscópios de Leeuwenhoek consistiam de uma pequena lente de vidro inserida em uma placa de cobre, que era conectada a um parafuso móvel com uma agulha na ponta. Além de ter descoberto os microorganismos, Leeuwenhoek estudou a estrutura microscópica de diversos animais e plantas, descobriu os glóbulos vermelhos do sangue e os espermatozóides no sêmen.


Os vírus e a estrutura celular

Os vírus são os únicos seres vivos que não apresentam estrutura celular. Eles são extremamente simples, sendo constituídos fundamentalmente por uma molécula de acido nucléico, que pode ser o DNA (acido desoxirribonucléico) ou RNA (ácido ribonucléico), envolta em proteínas. Apesar de não serem constituídos por células os vírus não são exceções a Teoria Celular, como muitos pensam.

Eles precisam estar necessariamente dentro de uma célula viva para se reproduzir. Isso só vem a confirmar que as atividades essenciais a vida ocorrem dentro das células vivas. Muitos acreditam que os ancestrais dos vírus tenham sido células que, ao se tornarem parasitas intracelulares, sofreram adaptações e simplificações em sua estrutura.

O tamanho e a forma das células

A maioria das células tem um tamanho que varia entre 10 e 100 micrometros (μm), ou seja, 0,01 a 0,1 milímetro (l μm = 0,001 mm). Isso significa que no ponto final desta frase cabem, alinhadas, cerca de 10 células das grandes. Uma célula animal típica mede entre 10 a 20 micrômetros de diâmetro. Em outras palavras, ela e cinco vezes menor que a menor partícula visível. É importante saber que o nanômetro (nm) equivale a um milésimo de micrometro (1nm = 0,001 μm). O angstrom corresponde a um décimo de milésimo de micrômetro (1A = 0,0001μm).

A relação entre a área da superfície da célula e o seu volume limita o tamanho das células. Quando o tamanho aumenta, o volume aumenta mais depressa do que a área. Isso porque o aumento do volume é proporcional ao cubo das dimensões lineares e o aumento da superfície é proporcional ao quadrado dessas dimensões. Essa lei, conhecida como lei de Spencer, pode ser justificada da seguinte maneira: um cubo de 1 cm de aresta tem uma superfície igual a 6 cm² (l cm² de cada face multiplicado por 6 faces), enquanto seu volume e igual a 1 cm³ (l cm de altura x 1 em de largura x 1 cm de profundidade); se esse cubo aumenta de tamanho e passa a ter 10 cm de aresta, a superfície será de 600 em² e o volume passa a ser de 1 000 cm². Note que tanto a superfície como o volume aumentaram; mas, enquanto o volume passou de 1 cm³ para 1 000 cm³, isto e, aumentou mil vezes, a superfície aumentou de 6 cm² para 600 cm², ou seja, aumentou apenas cem vezes. Chamamos de superfície relativa a relação entre a área da superfície e o volume de um corpo.

Esse crescimento desproporcional entre área e volume acarreta sérios problemas de alimentação e de trocas de gases entre a célula e o meio externo. Uma célula que aumenta dez vezes de diâmetro terá um volume mil vezes maior; conseqüentemente, vai necessitar de mil vezes mais alimento e oxigênio para sustentar sua estrutura. Porem, como sua superfície e apenas cem vezes maior, a capacidade de absorção de alimento e de oxigênio aumentou apenas cem vezes, o que não e suficiente para as necessidades da célula. Pelo que acabamos de ver, e fácil concluir que uma célula, quando cresce, fica sujeita a uma desproporção entre sua área e seu volume. Esse problema e resolvido com a divisão da célula em duas, o que restabelece a relação área - volume original. A dificuldade que uma célula grande teria para se abastecer de nutrientes explica por que organismos maiores que 100 micrômetros (0,1 mm) são quase sempre pluricelulares.

Existe ainda outra conseqüência da relação área volume: a diferença de tamanho entre indivíduos da mesma espécie e causada pelo numero de células e não pelo tamanho das mesmas. As células do fígado de um anão são do mesmo tamanho que as de uma pessoa de 2 metros, por exemplo. A diferença entre ambos é resultado de uma diferença no número de células. Esse fato pode ser enunciado de modo mais exato através da lei Driesch, conhecida como lei do volume celular constante: em indivíduos da mesma espécie e com o mesmo grau de desenvolvimento, células do mesmo tecido são do mesmo tamanho.
OBS: A lei de Driesch não se aplica às chamadas células permanentes.
» O que diz a lei de Driesch?
A lei de Driesch ou lei da constância do volume celular diz que "o volume celular é constante nas células de um mesmo tecido em indivíduos de mesma espécie e em mesma fase de desenvolvimento, não interessando o tamanho dos indivíduos". Não se incluem nesta lei as células do tecido nervoso (que podem possuir prolongamentos que saem da cabeça e vão até os pés de uma pessoa, resultando em um volume maior em uma pessoa mais alta) e as do tecido muscular estriado (que, ao serem continuamente estimuladas, podem sofrer hipertrofia, aumentando o seu volume). Se tomarmos como exemplo, no entanto, qualquer outra célula de um anão e de um gigante, o volume será o mesmo nos dois casos e a diferença no tamanho será devida ao maior número de células no gigante do que no anão.

Lei de Hertwig ou da relação núcleo/citoplasma

A relação entre o núcleo e o citoplasma é mais ou menos constante para a maioria das células. Assim, essa relação pode ser expressa como a relação núcleo citoplasma ou relação núcleo-plasmática (RNP):

RNP =     volume do núcleo        = 1 ou 1
             volume do citoplasma        3      4

Alterando essa relação, o tamanho do núcleo passa a ser insuficiente para o adequado controle da célula. Essa relação é conhecida com Lei de Hertwig. Se a RNP for menor, o núcleo não consegue controlar a célula adequadamente; se a RNP for maior, o citoplasma não consegue sustentar o núcleo adequadamente.

Forma das células

As células variam em sua morfologia geral, ou seja, cada célula tem sua forma adaptada para sua função. É claro que isso é controlada pelos seus genes. As células sofrem forte influencia de fatores externos, como por exemplo, a pressão de outras células. As células de nosso corpo passam por um processo de diferenciação e terminam por formar mais de 200 tipos de células com diferentes formas e funções. Como a diferenciação ocorre? Cada célula herda o mesmo conjunto de informação genética em seu DNA, mas nenhuma célula usa toda essa informação. Durante a diferenciação, somente genes selecionados são ativados, transformando a célula em uma unidade especializada. Na maioria dos casos, a forma e o tamanho finais da célula, bem como seu conteúdo, refletem sua função. A Figura abaixo. mostra algumas das diferentes células do corpo humano. Ainda que as células maduras pareçam ser muito diferentes umas das outras, todas elas eram semelhantes no inicio e mantiveram muitas características em comum. Vamos observar a organização anatômica que é compartilhada pela maioria das células.


Você pode observar que as células mesmo apresentando formas diferentes seguem o mesmo principio de organização geral: núcleo delimitado por membrana contendo a informação genética, citoplasma com organelas desempenhando inúmeras funções metabólicas e uma membrana plasmática individualizando a célula e permitindo sua composição diferencial do meio. Observe abaixo o modo geral de organização celular:

A comunicação entre as células

Nos organismos multicelulares, a troca de informação por meio de moléculas, que são sinais ou mensageiros químicos começa na vida embrionária e constitui, durante toda a vida, o principal meio de comunicação entre as células. Esses sinais são importantes para que os tecidos e órgãos se formem de modo ordenado e, após a estruturação do corpo, são necessários para coordenar o crescimento e o funcionamento das diferentes partes do organismo. Os mensageiros químicos influenciam o metabolismo, a multiplicação, a secreção, a fagocitose, a produção de anticorpos a contração e muitas outras atividades celulares.

Praticamente, todas as funções celulares e teciduais são reguladas por sinais químicos. Esse sistema de comunicação atua através de moléculas sinalizadoras ou ligantes, que se prendem a locais específicos das moléculas receptoras ou receptores.

Para se caracterizar como receptor, uma molécula deve ser capaz de reconhecer especificamente outra molécula (ligante) e de desencadear uma resposta celular, quando unida ao respectivo ligante.



Para efeito didático, distinguem-se três tipos de comunicação, que veremos aqui:
  1. Pela secreção de moléculas denominadas hormônios, que são, geralmente, secretados pelas glândulas endócrinas. Os hormônios são lançados no espaço extracelular penetram nos capilares sanguíneos e se distribuem por todo o corpo, indo atuar a distancia, nas chamadas células-alvo. Célula-alvo e aquela que tem receptor para o hormônio.
  2. Pela secreção de moléculas que atuam nas células vizinhas, sendo retidas no local de produção ou, então inativadas logo após exercerem suas funções. Nesse modo a comunicação, chamada de Parácrina, os sinais químicos atuam nas proximidades do local onde foram secretados. O usual é que a molécula secretada por um tipo celular vá atuar sobre células de outro tipo. Porém, na secreção parácrina, algumas vezes, as moléculas sinalizadoras produzidas por um tipo celular agem sobre células do mesmo tipo que estão próximas, atingindo também a própria célula secretora, nesse caso dizemos que a secreção foi autócrina.
  3. Pela secreção de moléculas chamadas neurotransmissores. Essa secreção tem lugar nas sinapses, que são locais especializados onde as células nervosas, através dos seus numerosos prolongamentos, estabelecem contato umas com as outras. Os neurotransmissores são liberados, também, pelos prolongamentos das células nervosas que fazem conexão com células musculares ou com células secretoras. O neurotransmissor atravessa um espaço muito pequeno, de apenas alguns nanômetros, entre o terminal do prolongamento nervoso (axônio) e a outra célula nervosa, a célula muscular ou a célula secretora, conforme o caso.
Além dos processos mencionados, que envolvem ligantes e receptores, algumas células se comunicam diretamente por meio de moléculas que passam por canais existentes entre células contíguas. Esses canais são constituídos por moléculas protéicas das membranas de duas células, em regiões chamadas junções comunicantes ou gap junctions.

A classificação das células quanto ao tempo de vida

O médico italiano Giulio BIZZOZERO (1846 – 1901) classificou as células do organismo humano em três tipos, de acordo com sua longevidade. São elas:

A) Células lábeis:
São células de curta duração. De modo geral, não se agrupam de forma fixa da organização de tecidos, não se re produzem e resultam da diferenciação rápida e tardia de células indiferenciadas de origem embrionária. Como tal, se classificam os gametas (espermatozóides e óvulos, que se formam de células germinativas de origem embrionária) e as hemácias ou glóbulos vermelhos do sangue (formadas na medula óssea vermelha a partir dos hemocitoblastos, que também são células de origem embrionária). Os gametas têm duração de dois ou três dias. As hemácias, depois de formadas e lançadas no sangue, duram no máximo 120 dias.
B) Células estáveis:
Constituem a grande maioria dentre as numerosas variedades celulares do nosso organismo. São as células que se diferenciam durante o desenvolvimento embrionário e depois mantém um ritmo constante de multiplicação. Quando algumas morrem, surgem outras em substituição. Assim ocorre com as fibras musculares lisas e os diversos tipos de células epiteliais e conjuntivas. Podem durar meses ou anos. As células dos vegetais também se classificam nesse grupo.
C) Células permanentes
Resultam de uma diferenciação celular muito precoce no embrião. Atingem alto grau de especialização. Por isso, depois de concluída a formação embrionária, perdem a capacidade de reprodução. Daí por diante, apenas acompanharão o crescimento do indivíduo alongando-se exageradamente. É que se verifica com as fibras musculares estriadas e com os neurônios. Não há renovação dessas células no organismo depois do nascimento. Por isso mesmo, são grandes as dificuldades na viabilidade dos transplantes de coração. As fibras estriadas cardíacas são células permanentes. Não se dá nunca a substituição das células do "doador" por células do "receptor". E a rejeição se torna, assim, um problema incontornável. Embora as células permanentes possam atingir comprimentos exagerados, de muitos centímetros (ou mais de um metro, como sucede com os neurônios, elas são microscópicas devido ao seu diâmetro reduzido.
As células de dimensões mais reduzidas

Nos últimos tempos, os cientistas evidenciaram a existência de vários organismos com primitiva organização celular, extremamente pequenos, capazes de atravessar até os filtros de porcelana, e que se situam, por suas dimensões e organização, entre as bactérias e os vírus.

O primeiro tipo observado causava a pleuropneumonia em animais como ratos e galinhas. Como outros tipos fossem encontrados, causando diferentes doenças, inclusive no homem, foram todos, pela semelhança com o inicial, denomina dos pela sigla PPLO (Pleura-pneumonia like organisms), isto é, "organismos semelhantes aos da pleuropneumonia".

As dimensões dos PPLO são consideravelmente variáveis. Os menores deles costumam medir 0,1 micrometro de diâmetro, dez vezes menores do que uma bactéria de tamanho médio. Outros, entretanto, podem ultrapassar o volume de uma bactéria pequena. Mas nenhuma bactéria, por menor que seja, atinge a pequenez dos menores PPLO, pois eles quase se equiparam as mínimas proporções das micelas coloidais.

Em verdade, os PPLO, quando se mostram tão pequenos, têm uma estrutura bem mais simplificada do que a habitual. Nessas condições, eles se constituem em corpos elementares. Mas evoluem, crescem e transformam-se em células de PPLO de tamanho médio, ou mesmo de tamanho grande, quando passam a revelar uma estrutura celular. Na sua reprodução, a célula grande origina novos corpos elementares, os quais reiniciarão o crescimento. Sob a forma de corpos elementares, eles podem ser menores até do que certos vírus, cujas dimensões atingem 0,25 micrometro. Por isso, os PPLO são hoje considerados indiscutivelmente as menores células vivas. Esses microrganismos são classificados no gênero Mycoplasma e são todos parasitas, determinando doenças pulmonares e renais. Podem ser cultivados fora de células e nisso diferem dos vírus, que só se reproduzem no interior de células vivas. Situam-se entre os seres de organização celular mais primitiva. Exemplo: o Mycoplasma gallisepticum, mil vezes menor que uma ameba, medindo cerca de 100 nm (nanômetros) apenas.

Célula Procariótica X Célula Eucariótica

Segundo os conhecimentos modernos de citologia e evolução da célula, sabe-se que as células procarióticas teria surgido primeiro. As células eucarióticas seriam na verdade uma evolução das células procarióticas. Sua estrutura geral é bem mais complexa e, além disso, há outros indícios fortalecem essa afirmação. Mas vamos aqui fazer uma rápida comparação entre esses dois tipos celulares. Abordaremos com maior riqueza de detalhes a estrutura de cada tipo celular nos próximos capítulos.

Procariontes: São organismos unicelulares, medindo, em geral, entre 1 e 10 micrometros de tamanho. Estão classificados nos reinos Archaebactéria e Eubactéria. A célula procariótica é muito simples: o material genético (DNA) não esta envolvido por uma membrana, isto e, não há um núcleo individualizado (proto = primitivo; cario = núcleo). 0 DNA esta mergulhado numa espécie de gelatina, o citoplasma, formado por água com várias substancias dissolvidas. No citoplasma encontramos também os ribossomos, que são organoides ou organelas responsáveis pela síntese de proteínas.

Todo esse conjunto e envolvido por ma membrana, a membrana plasmática, formada por lipídios e proteínas. Envolvendo esta membrana existe ainda um reforço externo, a parede celular, composta por cadeias de glicídios e aminoácidos. Contém notar que os micoplasmas - bactérias que podem ser parasitas de animais e vegetais - não apresentam esse reforço e são as menores células (com cerca de 0,3 μm). As outras bactérias medem entre 1 e 10 μm. As cianobactérias apresentam ainda clorofila e outros pigmentos aderentes a membrana existente no citoplasma, através dos quais realizam a fotossíntese.

Eucariontes: São organismos uni ou pluricelulares, pertencentes a outros reinos de seres vivos: os animais, os vegetais, os protistas (protozoários e algumas algas) e os fungos. A célula eucariota mede entre 10 e 100 micrometros de tamanho e é bem maior e mais complexa do que a célula procariótica. Seu material genético é formado por DNA associado a proteínas - formando os cromossomos - e encontra-se envolvido por uma membrana - a membrana nuclear. Forma-se, assim, um núcleo individualizado, dai o nome eucarionte (eu = bom; cario = núcleo). No citoplasma dos eucariontes existe, alem dos ribossomos, uma serie de organóides que estão ausentes nos procariontes, como: citoesqueleto, mitocôndrias, reticulo, aparelho de Golgi, cloroplastos, lisossomos, etc.

A evolução da estrutura celular

As células eucariotas se originaram, por evolução, de células procarióticas que aumentaram de tamanho. Com isso, surgia uma desproporção entre sua superfície e seu volume, como já vimos na lei de Spencer. Alguns organismos apresentaram, então, em certos pontos da membrana plasmática, dobras ou invaginações que causaram um aumento na superfície da célula. A partir destas invaginações, teriam surgido, no citoplasma, vários organoides, como o retículo endoplasmático, o aparelho de Golgi, os lisossomos e os vacúolos. Do mesmo modo, essas invaginações envolveram o material genético - cromossomo -, formando a membrana nuclear dos eucariontes. Como veremos depois, tudo indica que as mitocôndrias e os cloroplastos evoluíram a partir de procariontes que invadiram a célula primitiva. Surgia assim uma célula dividida em compartimentos. Cada um desses compartimentos passou a desempenhar uma função definida. Essa divisão de trabalho permitiu que cada função se realizasse com maior eficiência, propiciando também o aparecimento de seres vivos maiores, pluricelulares (formados por varias células), que consomem mais energia e dependem de sistemas mais eficientes tanto para captar energia e alimento como para distribuí-los para toda a célula.


Os cromossomos localizam-se no núcleo da célula. Neste aparecem também corpúsculos chamados nucléolos, onde são fabricados as componentes que vão constituir as ribossomos.

A rede de canais e os sacos (ou cisternas) - que formam a retículo endoplasmático - fabricam:
  • proteínas - quando o retículo endoplasmático está associado a ribossomos, passando a chamarse reticulo rugoso;
  • lipídios - quando a reticula endoplasmático está livre de ribossomos, passando a chamar-se reticulo liso.
  • O aparelho de Golgi se encarrega, entre outras funções, de eliminar secreções celulares.
  • Os lisossomos fazem a digestão de partículas no interior da célula.
  • As mitocôndrias tomam parte na respiração celular aeróbia.
  • Os cloroplastos, encontrados apenas nos seres autotróficos, realizam a fotossíntese.
  • Os centríolos, ausentes nas células vegetais, estão ligados a divisão celular em conjunto com fios de proteínas, puxam as cromossomos para as pólos da célula.
  • O citoesqueleto - formado por um conjunto de fios e tubas - sustenta e produz as movimentos da célula.
  • A parede celular forma uma espécie de esqueleto de sustentação da célula vegetal.
  • Os vacúolos de suco celular, nas células vegetais, acumulam água e outros produtos.
Veja também os quadros-resumo abaixo:

Organóides e suas funções em uma célula eucariótica
Função geral Organóide Função específica
Controle Núcleo Sede do DNA celular, controle da arquitetura e do metabolismo
Nucléolo Formação de ribossomos
Centriolos Divisão celular, formação e controlo do batimento de cilios e de flagelos
Síntese Ribossomos Produção de proteínas
Reticulo endoplasmático rugoso Produção de protefnas
Reticulo endoplasmatico liso Produção de lipldios, armazenamento, destoxicação
Complexo de Golgi Modificação e secreção celular
Manutenção Lisossomos Digestão, remoção de organóides velhos
Peroxissomos Destoxicação
Vacúolo central Equilíbrio osmótico
Metabolismo energético Mitocôndria Respiração celular
Cloroplasto Fotossíntese
Arquitetura e movimento Citoesqueleto Manutenção de forma, contração, sustentação de organóides
Parede celular Manutenção da forma, proteção

Quadro comparativo dos componentes da célula bacteriana. célula animal e célula vegetal
Componente Bactéria Celula animal Celula vegetal
Parede celular Sim Não Sim
Membrana plasmática Sim Sim Sim
Citoesqueleto Não Sim Sim
Envoltório nuclear Não Sim Sim
DNA Sim Sim Sim
Cromossomo Único e circular (apenas DNA) Múltiplos (DNA e proteinas) Múltiplos (DNA e proteinas)
Mitocôndria Não Sim Sim
Cloroplastos Não Não Sim
Ribossomos Sim (pequenos) Sim Sim
Retículo endoplasmático Não Sim Sim
Complexo de Golgi Não Sim Sim
Vacúolo central Não Não Sim
Lisossomos Não Sim Raramente
Centríolos Não Sim Ausentes na maioria das fanerógamas

Resumo:


A Célula


Teoria Celular:

- Todos os seres vivos, animais e vegetais, são formados por células

- A célula é a unidade de reprodução, de desenvolvimento e de hereditariedade de todos os seres vivos

- Todas as células provêm de células preexistentes

1. Unidade estrutural e funcional

Células Procarióticas – Não possuem núcleo definido/individualizado (fig.1)

Células Eucarióticas – Possuem núcleo definido/individualizado (fig.2)

Fig.1 – Célula Procariótica 
Fig.2 – Célula Eucariótica

célula eucariótica vegetal é constituída por:
  • Parede celular
  • Membrana Celular, membrana plasmática, membrana citoplasmática ou plasmalema
  • Citoplasma:
    • hialoplasma
    • organitos
  • Núcleo:
    • nucleoplasma
    • DNA
    • nucleólo
  • Mitocôndrias
  • Cloroplastos
  • Aparelho ou Complexo de Golgi
  • Vacúolos
  • Retículo endoplasmático rugoso e liso
célula eucariótica animal é constituída por:
  • Membrana Celular, membrana plasmática, membrana citoplasmática ou plasmalema
  • Citoplasma:
    • hialoplasma
    • organitos
  • Núcleo:
    • nucleoplasma
    • DNA
    • nucleólo
  • Mitocôndrias
  • Centríolos
  • Aparelho ou Complexo de Golgi
  • Retículo endoplasmático rugoso e liso
2. Constituintes Básicos

Compostos inorgânicos:
  • Sais minerais
  • H2O
Compostos orgânicos:
  • Prótidos
  • Glícidos
  • Lipídos
  • Ácidos Nucleicos
Prótidos
Compostos orgânicos quaternários – Carbono, oxigénio, hidrogénio e azoto
Funções:
  • Estrutural
  • Catalítica
  • Energética
  • Defesa
  • Hormonal
  • Transporte
  • Reserva
Constituídos por unidades básicas:
  • Aminoácidos




Normalmente encontram-se ligados por ligações peptídicas



Oligopéptidos – 2 a 10 aminoácidos

Polipéptidos – 11 a 99 aminoácidos

Proteínas – mais de 100 aminoácidos

A configuração espacial que a cadeia adquire, bem como o seu tamanho e tipo de aminoácidos definem vários níveis de organização.



Destruição da estrutura - Desnaturação

Podem conjugar com outras moléculas

Glícidos

Compostos orgânicos ternários – Carbono, Hidrogénio e Oxigénio

CnH2nOn – Fórmula Geral dos Hidratos de carbono

Funções:
  • Reserva
  • Estrutural
  • Energética
  • Informacionais
Monossacáridos ou oses – 3 a 6 átomos de carbono (glicose, frutose e galactose)

Oligossacáridos – 2 a 10 oses (ligação glicosidica – sacarose, maltose e lactose)

Polissacáridos – Elevado número de oses (amido, glicogénio e celulose)

Lipídos

Biomoléculas orgânicas terciárias – Carbono, Hidrogénio e Oxigénio

Funções:
  • Reserva
  • Estrutural
  • Transporte
  • Reguladora
  • Energética
Características:
  • Insolúveis em água, mas solúveis em solventes polares (éter, álcool, etc)
  • Ponto de fusão diminui com o número de ligações duplas

Ø Ácidos Gordos

Longas cadeias carbonatadas (14 a 22 carbonos)

Possuem num das extremidades um grupo carboxilico

Os ácidos gordos podem ser:
  • Saturados
  • Insaturados
  • Polinsaturados
Ø Lipídos simples

Ácidos gordos e glicerol

Classificam-se:
  • Monoglicéridos
  • Diglicéridos
  • Triglicéridos

Ø Lipídos complexos

Podem ter ácidos gordos e glicerol juntamente com outras moléculas não lipidicas

Ø Fosfolipidos

Cabeça apolar hidrofíliica - Tem afinidade para a água (álcool, grupo de fosfato e radical)

Cauda polar hidrofóbica – Tem fobia da água
Podem não possuir ácidos gordos como por exemplo os esteróides

Ácidos Nucleicos

Maiores moléculas encontradas nos seres vivos. Macromoléculas formadas pela polimerização das unidades básica - nucleótidos

Ø DNA ou ADN

ADN – Ácido desoxirribonucleico



Bases azotadas podem estabelecer relações entre si.



Ø RNA ou ARN

ARN – Ácido ribonucleico





RNAm – Determina a posição dos aminoácidos

RNAt – Transporta os aminoácidos

RNAr – Forma os ribossomas

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