O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO NO ENEM
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de uma determinada ideia. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza, coerência, objetividade na exposição, um planejamento de trabalho e uma habilidade de expressão.
No discurso dissertativo propriamente dito, não se verifica, como na narração, progressão temporal entre as frases e, na maioria das vezes, o objeto da dissertação é abstraído do tempo e do espaço.
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto
- a. Toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação;
- b. Em conseqüência disso, impõem-se a fidelidade ao tema;
- c. A coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
- d. Impõe-se sempre o raciocínio lógico;
- e. A linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração do que se quer expor.
- f. A linguagem também deve ser clara, precisa, natural, original, correta gramaticalmente.
- g. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa.)
Objetividade na dissertação
Temas sociais, polêmicos e científicos são impessoais. Por essa razão, é importante fazer uso da terceira pessoa, a fim de manter a análise subjetiva de textos dessa natureza.
Temas Sociais. Polêmicos e Científicos
- Temas sociais
Referem-se ao ser humano no contexto da sociedade.
Ex.: prostituição infantil, violência, miséria, fome, pobreza, globalização, corrupção, política, educação, lazer, moradia, etc. - Temas polêmicos
Expressam problemas que dividem a opinião da sociedade.
Ex.: aborto, clonagem de seres humanos, doação de esmolas, doação obrigatória de órgãos, eutanásia, legalização da maconha, privatização de presídios, união civil de homossexuais, etc.
Temas científicos
Transmitem conteúdos de natureza científica, com o uso de terminologias de uma ou mais áreas da ciência. Apresenta uma linguagem clara, denotativa e formal.
Ex.: chuva ácida, efeito estufa, camada de ozônio, derretimento de geleiras, origem de terremotos e vulcões, funcionamento do cérebro humano, transplantes de órgãos humanos, clonagem, etc.A estrutura do texto dissertativo-argumentativo
Como vimos na primeira aula de redação este ano, Aula II, a redação dissertativa apresenta a seguinte estrutura:
- 1. Introdução - deve conter a ideia principal a ser desenvolvida. É a abertura do texto. Deve ser clara e chamar a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a tese a ser defendida.
- 2. Desenvolvimento - exposição de elementos que vão fundamentar a ideia principal que pode vir especificada através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da conseqüência, das definições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No desenvolvimento, são usados tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa exposição da ideia.
- 3. Conclusão - é a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação. Na conclusão da redação do ENEM, é preciso que se aponte solução para o problema abordado no texto. Essa solução, portanto, deve ser específica, desenvolvida, viável. Além disso, deve sempre respeitar os direitos humanos.
Reflexão!
Toda discussão inteligente supõe que o debatedor tenha informações suficientes sobre o assunto e a capacidade de organizar os dados e o discurso de uma forma convincente. Objetividade e coerência são, pois, características essenciais da dissertação. Sendo a dissertação uma série concatenada de ideias, opiniões ou juízos, ela sempre será uma tomada de posição frente a um determinado assunto queiramos ou não.
Procurando convencer o leitor de alguma coisa, explicar a ele o nosso ponto de vista a respeito de um assunto, ou simplesmente interpretar um ideia, estaremos sempre explanando as nossas opiniões, retratando o nosso conhecimento, revelando a nossa intimidade. É por esse motivo que se pode, em menor ou maior grau, mediar a cultura (vivência, leitura, inteligência...) de uma pessoa através da dissertação.
Podemos contar uma história (narração) ou apontar características fundamentais de um ambiente (descrição) sem nos envolvermos diretamente. A dissertação ao contrário, revela quem somos, o que sentimos, o que pensamos. Nesse ponto, tenha-se o máximo de cuidado com o extremismo. Temos liberdade total de expor nossas opiniões numa dissertação e o examinador salvo raras exceções - sabe respeitá-las. Tudo o que expusermos, todavia, principalmente no campo político e religioso, deve ser acompanhado de argumentações e provas fundamentais.
Toda discussão inteligente supõe que o debatedor tenha informações suficientes sobre o assunto e a capacidade de organizar os dados e o discurso de uma forma convincente. Objetividade e coerência são, pois, características essenciais da dissertação. Sendo a dissertação uma série concatenada de ideias, opiniões ou juízos, ela sempre será uma tomada de posição frente a um determinado assunto queiramos ou não.
Procurando convencer o leitor de alguma coisa, explicar a ele o nosso ponto de vista a respeito de um assunto, ou simplesmente interpretar um ideia, estaremos sempre explanando as nossas opiniões, retratando o nosso conhecimento, revelando a nossa intimidade. É por esse motivo que se pode, em menor ou maior grau, mediar a cultura (vivência, leitura, inteligência...) de uma pessoa através da dissertação.
Podemos contar uma história (narração) ou apontar características fundamentais de um ambiente (descrição) sem nos envolvermos diretamente. A dissertação ao contrário, revela quem somos, o que sentimos, o que pensamos. Nesse ponto, tenha-se o máximo de cuidado com o extremismo. Temos liberdade total de expor nossas opiniões numa dissertação e o examinador salvo raras exceções - sabe respeitá-las. Tudo o que expusermos, todavia, principalmente no campo político e religioso, deve ser acompanhado de argumentações e provas fundamentais.
Para fazer uma boa dissertação, exige-se:
- a. Conhecimentos do assunto (adquirido através da leitura, da observação de fatos, do diálogo, etc.);
- b. Reflexões sobre o tema, procurando descobrir boas ideias e conclusões acertadas (antes de escrever é necessários pensar);
- c. Planejamento:
- 1. Introdução: consiste na proposição do tema, da ideia principal, apresentada de modo a sugerir o desenvolvimento;
- 2. Desenvolvimento: consiste no desenvolvimento da matéria, isto é, discutir e avaliar as ideias em torno do assunto permitindo uma conclusão; coincide com a argumentação;
- 3. Conclusão: pode ser feita por uma síntese das ideias discutidas no desenvolvimento. É o resultado final, que deve conter a solução desenvolvida e específica do problema.
- d. Registrar ideias fundamentais numa seqüência;
- e. Acrescentar o que faltar, ou suprimir o que for supérfluo, desnecessário (RASCUNHO);
- f. Desenvolvimento do plano com clareza e correção, mantendo sempre fidelidade ao tema.
A. Como fazer uma boa dissertação?
A dissertação exige amadurecimento no assunto tratado, conhecimento da matéria, pendor para a reflexão, raciocínio lógico, potencial argumentativo, capacidade de análise e de síntese, além do domínio de expressão verbal adequada e de estruturas lingüísticas específicas.
B. Como começar uma dissertação?
Normalmente, o aluno de redação manifesta sua angústia: "Não sei como iniciar". Não sabe como iniciar, porque não sabe como desenvolver e como concluir, simplesmente porque não organizou um plano. Nas palavras de Boaventura, "o plano é o itinerário a seguir: 'um ponto de partida', em que se indica o que se quer dizer, e 'um ponto de chegada', no qual se conclui. Entre os dois, há as etapas, isto é, as 'partes' da composição. Construir o plano é, em última análise, estabelecer as divisões".
C. Como estruturar uma dissertação?
No livro "Como Ordenar as Ideias", Edivaldo M. Boaventura resume muito bem aquilo que o bom-senso diz a respeito de todo o texto escrito: "A arte de bem exprimir o pensamento consiste em saber ordenar as ideias. E como se ordenam as ideias? Fazendo a previsão do que se vai expor". É preciso pensar nas partes do seu texto.
D. O que é preciso para argumentar?
Para argumentar é preciso, em primeiro lugar, saber pensar, encontrar ideias e concatená- las. Assim, embora se trate de categorias diferentes, com objetos próprios, a argumentação precisa ter como ponto de partida elementos da lógica formal. A tese defendida não se impõe pela força, mas pelo uso de "elementos racionais" - portanto toda argumentação "tem vínculos com o raciocínio e a lógica". Faça sempre uma análise crítica do que escreveu, por meio das seguintes perguntas: A redação é interessante? A leitura do texto é agradável? Tem boas ideias? O texto dá uma boa ideia daquilo que foi descrito? O texto está bem organizado? Há uma tese no meu texto que é fundamentada nos parágrafos seguintes?
A escolha do ponto de vista
Muitos temas dissertativos são bastante amplos, por isso precisam ser delimitados. Para delimitar o tema, é necessário ter uma visão global dele e determinar que ponto de vista será escolhido para análise. Na escolha desse ponto de vista, é importante optar pelo ângulo de análise do tema que lhe parecer melhor, mais favorável.
Para exemplificar a escolha do ponto de vista, indicamos três temas seguidos de alguns rumos que o texto dissertativo pode seguir. Veja:
Tema ¹: Violência
Delimitação do tema (escolha do ponto de vista):
➔ Violência doméstica;
➔ Violência nos grandes centros urbanos;
➔ Violência rural;
➔ Violência nos estádios;
➔ Violência na escola;
➔ Violência na televisão e em jogos eletrônicos.
Tema ²: Drogas
Delimitação do tema (escolha do ponto de vista):
➔ Consumo de drogas entre adolescentes;
➔ Presença de drogas nas escolas;
➔ Tráfico de drogas;
➔ Legalização de drogas;
➔ Drogas nos presídios brasileiros;
➔ Combate à comercialização de drogas.
Tema ³: Televisão
Delimitação do tema (escolha do ponto de vista):
➔ influência da televisão na vida das pessoas;
➔ A televisão e a leitura;
➔ A televisão e o diálogo familiar;
➔ A televisão e o sedentarismo;
➔ A televisão como fonte de lazer e de informação;
➔ A televisão e a violência.
A contra-argumentação
Quem argumenta algum ponto de vista deve ter a preocupação de agir de forma refletida, coerente, verdadeira. Isso é fundamental para evitar a contra-argumentação, ou seja, as ideias que se opõem aos argumentos ou simplesmente a algum argumento injustificável, que pode ser contradito.
Para evitar que seu texto seja alvo de argumentos contrários por parte do leitor, apresentamos, a seguir, algumas técnicas para evitar posicionamentos contrários àquilo que se defende no texto.
Estratégias para evitar contra-argumentos
- a. Antes de iniciar a abordagem de qualquer assunto, reflita criticamente sobre ele;
- b. Certifique-se da exatidão das suas ideias - argumentos e informações. Faça, portanto, somente afirmações que correspondam à realidade, ou seja, não invente, aumente ou exagere;
- c. Seja ponderado, não radicalize diante de um assunto polêmico;
- d. Evite expressões que denotam subjetividade, tais como "eu acho", "eu acredito", "na minha opinião," "quem sabe";
- e. Seja impessoal. Procure fazer prevalecer no texto a função referencial da linguagem, e não a emotiva ou a conativa;
- f. Não permita que haja no seu texto contradições, ideias incoerentes;
- g. Não generalize, pois você pode estar sendo injusto se proceder assim;
- h. Não faça afirmações se não pode comprová-las; Evite deixar ideias ou palavras vagas, sem clareza;
- j. Evite tirar conclusões precipitadas, o que pode gerar conceitos equivocados. Lembre-se de que a dissertação requer análise, reflexão.
Vídeos
12042014 - AE - prof. João Filho - Redação - parte 1 de 4
12042014 - AE - prof. João Filho - Redação - parte 2 de 4
12042014 - AE - prof. João Filho - Redação - parte 3 de 4
12042014 - AE - prof. João Filho - Redação - parte 4 de 4
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